ao longo da avenida

"O tempo das suaves raparigas / é junto ao mar ao longo da avenida" - Ruy Belo

domingo, fevereiro 29

onde fica a casa do amigo? 



(a propósito de um magnífico ciclo da cinemateca) kiarostami não precisa de muitas palavras para dizer o essencial. a amizade faz-se de gestos aparentemente simples mas que escondem no seu íntimo toda a grandeza das coisas. e no final, é impossível não sorrir com a doçura daqueles rostos. enganando a ordem do mundo. instaurando a pureza dos corações.

21:14

no expresso deste sábado 

"a sida procede de comportamentos irresponsáveis e é necessário começar a responsabilizar os indivíduos, facultando-lhes informação sobre o estado em que se encontram" - joão pereira coutinho

estou com gripe (outra epidemia...). será que também sou responsável? será que vou ser responsabilizado? será que percebi o que jpp quis dizer, ou este artigo só me enojou porque estou doente?

21:04

sexta-feira, fevereiro 27

quem sabe, sabe 

porque me haveria de sentir nu, se apenas gostamos do mesmo?

00:24

à margem da história 3 

quando escrevo sinto os dias que correm. como se olhando para trás me embrenhasse no presente. a história também é uma luta interior.

00:20

quarta-feira, fevereiro 25

porquê? 

não sei. vejo os campos e sonho. e tu estás sempre demasiado longe.

e o teu cabelo existe. e eu não posso tocá-lo.

00:01

sexta-feira, fevereiro 20

à margem da história 2 

uma fotografia é um pedaço de vida. um fragmento do passado irrepetível, manipulável e tão incerto quanto a memória.

nem toda a memória pode ser história.

21:37

apenas 

há duas ou três músicas que gosto de ouvir quando estou triste. mas depois do will oldham pouco resta. e fico-me por um álbum feito para mim pelo seu maior admirador.

21:33

voz 

ouvir a tua voz não é só voltar a respirar. é acreditar que afinal não morri naquela tarde de agosto. que afinal ainda tens a mesma doçura e delicadeza.

ainda sorrio ao pensar em ti.

21:28

quinta-feira, fevereiro 19

instante 

portanto, sorris... está bem. até à próxima...

em cada instante tu és. e eu não sei quem sou.

23:08

à margem da história 1 

não será presunção anunciar uma entrevista a pinto da costa como histórica? não existe história a priori. a história constrói-se. inexplicavelmente.

23:02

mystic river 

não me lembro da última vez em que fui feliz. estou confuso. a minha cabeça baralha tudo.

todos somos como o dave perante a luz do fim. perplexos, confusos, angustiados...

23:00

segunda-feira, fevereiro 16

depois de tudo 

no início era o rumor das árvores. o tejo prateado. o sol da manhã.

13:08

domingo, fevereiro 15

um olhar sublime 



em delft, na oficina sagrada da luz, vermeer pinta a beleza da vida. através de uma reconstituição histórica magnífica e uma fotografia sublime (como será difícil recriar a atmosfera da sua obra?) somos levados a imaginar o impenetrável mundo doméstico onde o mestre se inspirou. num tempo onde pintar era dar vida, perpetuar as coisas, o ciúme, a obsessão e a ganância caminhavam de mãos dadas. vermeer apenas se inspira, fabrica as suas tintas, constrói os cenários e depois pinta. como se pintando caminhasse para outro lugar. para dentro de nós. de griet.

"Olhou para dentro de mim..."

16:31

sexta-feira, fevereiro 13

sentes o cheiro do mar? 

01:09

guerra 

no meio de uma guerra há três atitudes possíveis. apoiar um lado. apoiar o outro lado. sorrir. quando a guerra não tem quartel. nem motivos. nem sangue. eu sorrio mais. muito mais. por entre o incómodo dos silêncios e a guerrilha da dor.

sorrir é olhar para a frente. procurar o importante. o essencial.

01:01

doce surpresa 

um dia vou escrever-te uma carta. contar-te quem são os meus amigos. a forma como olho o sol a quebrar no tejo. como sorrio quando passo ao pé dos nossos sítios. as palavras dos livros que guardei para ti.

o teu não-esquecimento ainda é uma forma de amar. como me tinhas prometido naquela manhã.

00:50

quarta-feira, fevereiro 11

sim, é oficial, hoje faço anos 

00:48

domingo, fevereiro 8

não eram apenas os teus olhos 

tenho saudades de te ver chegar. de cabelo húmido. lábios frescos. um cheiro doce na pele.

nos dias da ternura. não eram apenas os teus olhos a única razão para te amar.

23:02

sábado, fevereiro 7

a bem-aventurança de sábado à noite 

felizes os que amam porque neles está o coração e o sorriso de deus.

23:59

sexta-feira, fevereiro 6

uma dor que não toca 

há uma parede entre o público e os mogwai. há uma parede entre os mogwai e os mogwai. há uma frieza falsa.

o ruído da música dos mogwai, ontem à noite, foi como uma dor que não nos toca. que sentimos nas vibrações, nos ouvidos, na cabeça. mas que não agride. os acordes doces ou o som cósmico de três guitarras em palco afagam a alma. de facto, não conhecemos jesus. e a pós-modernidade é isso.

não sentir a dor sabendo que ela existe. não saber o que fazer perante um final de concerto magnífico. não serem precisas palavras para me dizer o que não sei dizer.

12:41

quarta-feira, fevereiro 4

mogwai, amanhã, no paradise garage 

13:08

simplicidade 

apanhei há pouco o comboio. na estação seguinte entrou o melo d com o filho ao colo. é destes artistas que eu gosto. de noite ouço a sua voz. de manhã acompanham-me a caminho do trabalho.

10:07

terça-feira, fevereiro 3

posso esperar por ti mais um pouco? 

00:45

para a feiticeira 

às vezes, as palavras escondem rostos. revelam feitiços.

a amizade é a forma mais sublime de amar.

00:41

troca de palavras 

não aprecio a discussão que tem decorrido entre o andré e o tiago. tenho opinião mas nada para dizer.

perante a palavra que se discute não tenho muitas palavras. é o silêncio da minha religião.

00:34

demasiado rápido 

a avenida não tem conseguido suster a respiração. os carros passam demasiado depressa. os pássaros não pousam na calçada. ninguém se senta nos bancos.

fui ver anything else e 21 gramas. não escrevi uma linha. também nada me obriga a fazê-lo. (ambos são excelentes...)

tanta coisa acontece que não transparece.

00:29