ao longo da avenida

"O tempo das suaves raparigas / é junto ao mar ao longo da avenida" - Ruy Belo

quinta-feira, janeiro 29

bíblia 

eu também quero escrever algumas linhas. e tenho preferência pelo evangelho de joão.

14:19

procura-me 

00:32

quarta-feira, janeiro 28

óbvio 

claro que é chocante ver féher morrer em directo. claro que não podemos deixar de nos sentir extremamente impressionados. claro que sentimos um forte aperto no peito. claro que pensamos como foi possível... mas, bolas, também não posso deixar de sentir um imenso nojo por tudo isso me ser injectado, como um espectáculo sem silêncio, pleno de oportunismo, de foclore, de exageros, de tvi's como os canais oficiais da dor, que buscam lágrimas e o desespero de todos os que choravam aquela morte. de uma multidão à chuva que sorria perante as câmaras, com bébés ao colo. de uma procura incessante por culpados e responsáveis, como se uma morte fosse um julgamento mediático onde todos sabem quem tem a culpa. quando se chora uma morte não vale tudo.

na avenida, a morte não é isso. não pode ser isso.

00:24

segunda-feira, janeiro 26

rfm 

não bastava o fim anunciado da voxx (para quando?). a partir de hoje, vou ter de ouvir a rfm enquanto trabalho.

"the first cut is the deepest"

13:09

a morte em directo 

será esta a matriz da modernidade: assistir em directo à vida na frieza de um écrã e ao absurdo de uma espera, com palmas à mistura?

13:02

sublime 

white do ballet gulbenkian é um momento extraordinário. a música dos danças ocultas transporta-nos pelos desenhos e sensações dos bailarinos. magnífico.

para a minha primeira vez no ballet acho que não podia ser melhor.

12:56

sexta-feira, janeiro 23

perdidos em tóquio 

sofia coppola imprime em lost in translation uma cadência e uma lassidão já entrevista em as virgens suicidas. os air desenham uma vez mais os sons com que percorremos tóquio. procuram-se saídas para os impasses. para os bloqueios de uma vida vazia, mergulhada na modernidade em tons de néon. a cumplicidade entre bob e charlotte é mágica ou mesmo inefável. o que fazem ali? o clímax é já o epílogo de uma história banal. sofia sabe como todos procuramos um sentido para a vida. perdidos em grandes cidades. como tóquio. e mostra-nos essa condição através da beleza de um corpo semi-nu deitado numa cama ou nas ruas percorridas dentro de um táxi.

o sentido para as coisas pode ser simplesmente a beleza das palavras simples, dos gestos que hesitam, dos olhos derramados noutros olhos.

13:08

quarta-feira, janeiro 21

samuel 

há na voz e nos samples do sam the kid uma eterna adolescência. um profundo amor pela música. pelo hip-hop criado no seu "quarto mágico". e eu gosto. porque sei que também ele ouve o mar e vê o sol hesitante da avenida. com a tolerância de quem faz o que quer.

"eu não te odeio, odeio é o teu ódio"

00:06

terça-feira, janeiro 20

diz-me o teu nome 

o sol ilumina lentamente a avenida por entre os corpos frios de janeiro. há pelo menos uma vida em cada pessoa. um mar em cada olhar.

13:27

segunda-feira, janeiro 19

teimosia 

e se a vida não fosse mais do que este vento gelado. amar-te sem querer.

00:16

quarta-feira, janeiro 14

para quem foi buscar o álbum 

motion picture soundtrack

red wine and sleeping pills
help me get back to your arms
cheap sex and sad films
help me get back where I belong

i think you're crazy, maybe
i think you're crazy, maybe

stop sending letters
letters always get burned
it's not like the movies
they fed us on little white lies

i think you're crazy, maybe
i think you're crazy, maybe

i will see you in the next life


radiohead - kid a

thom yorke apenas canta uma vez a frase final, embora ela ecoe vezes sem conta nas nossas mentes.

as coisas importantes só se dizem uma vez.

23:14

afirmação categórica 

motion picture soundtrack é uma das mais belas canções de amor alguma vez escritas. e é dos radiohead.

de um álbum que decidi ouvir esta noite. depois de anos em silêncio. kid a.

23:08

um verso repetido (como toda a poesia) 

parece que nunca exististe e no entanto recordo-te

23:03

talvez 

pela primeira vez, deparo-me com a ausência de palavras para preencher estes espaços em branco. pela primeira vez, penso em encerrar a avenida.

porque será que ainda estou sentado neste banco, a escutar os pássaros, por entre a solidão da tarde?

12:58

segunda-feira, janeiro 12

domingo à noite 

"(...)
cada dia se torna mais difícil ser deus
e eu sozinho aqui à noite suicido-me de sono
vindo do vento vasto do inverno
(...)"

ruy belo

00:06

quarta-feira, janeiro 7

sim, existe 

o perdão. os sorrisos. as lágrimas que inundam os beijos. a vontade de recomeçar. de que tudo seja diferente ou que simplesmente dê lugar a um coração novo.

que diria cristo da função pública?

23:03

em poucos segundos 

não é justo ver-te quando o autocarro se aproxima. tenho apenas breves momentos para contemplar a minha estrela da manhã com um novo penteado. e sorrimos. e as nossas mãos nem sequer se tocam.

há sempre qualquer coisa de injusto na beleza. e no tempo que temos para as coisas.

13:07

segunda-feira, janeiro 5

início de ano 

há um rapaz num dos bancos da avenida a chorar compulsivamente. a molhar os pés nas ondas do inverno. na água que transborda o pequeno muro onde te beijei naquela tarde. lembras-te? os pássaros sobrevoavam a vida. aquela pequena vida que respirava entre os nossos lábios.



está virado para o mar. há um demorado escurecer que vai substituindo o horizonte. um convite à noite.

bom ano novo.

23:07