ao longo da avenida

"O tempo das suaves raparigas / é junto ao mar ao longo da avenida" - Ruy Belo

quarta-feira, agosto 27

sparklehorse 

para quem vive pela primeira vez a última semana de agosto em taizé. "may all your days be gold my child".

20:35

tomás 

o tomás veio com o coração cheio.
conheci o tomás em budapeste, na única noite que aí permaneceu antes de partir para praga. contou-me que tinha feito o expresso do oriente que liga paris a istambul e da viagem de oito dias que empreendeu à volta da turquia. nessa viagem conheceu uma mexicana que viajava sózinha e por quem rapidamente se perdeu de amores.
a longa e dura viagem de comboio que fizera para chegar de istambul a budapeste, com curtas paragens pelo meio, parecia não ter cansado este rapaz cujas feições só me lembravam o ray liotta. com poucas horas de sono optou por conhecer budapeste a pé e à noite por sair para a mais animada das discotecas da cidade. tomás parecia permanecer imune ao cansaço e um sorriso rasgava-se nos seus lábios de cada vez que se lembrava da "sua mexicana", à medida que elaborava esquemas para visitá-la na sua cidade do méxico natal.
ficámos de encontrá-lo e conhecer o resto da cidade no dia seguinte caso a chuva amainasse em budapeste. como a manhã acordou nublada, o tomás partiu novamente com mais duas ou três horas de sono e pronto a enfrentar praga com a mesma disposição.
vou ver se ligo hoje ao tomás para ouvir mais histórias da "sua mexicana" e das viagens que fez a partir de praga. quem como ele encara uma viagem assim, de coração aberto, só pode colher bons frutos.
que tenhas feito uma boa viagem de regresso a casa.

17:24

sábado, agosto 23

canta rui 

de todas as pontes, de todas as cidades que sao banhadas pelo danubio, a karlov most em praga e sem duvida a mais bela e animada de todas.
um sem numero de bandas jazz e instrumentistas de outro tipo asseguram a banda sonora ideal para os transeuntes que a cruzam dia e noite. na minha ultima noite em karlov most deparei-me com a tuna de tenerife. apos uma curta conversa consegui convence-los a tocar uma serenata a duas jovens de zurique que estavam sentadas num dos muros da ponte. a tuna acedeu, empenhou-se no sentimento, mas nunca conseguiu captar a sua atencao. perdida a batalha passaram a guitarra ao meu amigo rui que em naquela noite tocou e cantou um fado como eu nunca antes lhe ouvira.
enquanto as sui­cas sorriam, distraidas com o vai e vem de gente e com o tranquilo danubio, as jovens de tenerife que acompanhavam a tuna exclamavam "que bonito" com os olhos prestes a lacrimejar, sem desviar por um instante que fosse os olhos do rui. fiquei com a sensacao que ha ainda uma barreira de sentimento que separa a minha peninsula dos povos do centro e norte da europa. apercebi-me de que nada conhecia da espanha e parti para madrid.

11:55

segunda-feira, agosto 18

o relogio 

praga e uma cidade linda, ponto final. o unico problema e que toda a gente parece partilhar da mesma opiniao. nao ha cidade com tamanha concentracao de turistas por metro quadrado, avidos por calcarem todas as ruas da cidade e visitarem todos os monumentos possiveis. a sede de cultura e simplesmente enorme nesta cidade.
as vinte e tres horas do meu dia de chegada deparei-me com uma multidao de gente diante do relogio que se ergue na praca central. fitavam-no em silencio, a espera de algo que eu nao sabia o que era. olho tambem para o relogio e escuto as onze badaladas e fico tambem eu a espera como todos eles de algo que nao chegou. soube no dia seguinte que as badaladas do relogio sao acompanhadas de um rodopiar de figuras religiosas que em praga substituem o tradicional cuco. naquele dia, as figuras parecem ter-se cansado e preferiram permanecer dentro da sua torre.
atonitas com o comportamento do relogio, as pessoas rebeliaram-se, assobiando o monumento em sinal de inignacao. foi uma manifestacao colectiva de revolta contra um relogio como eu nunca antes vira...e dificil descreve-la, mas a zanga com o objecto ainda demorou alguns minutos, como se esperassem uma retractacao do mesmo...um sinal de arrependimento que nao chegou.
o relogio deitou-se nesse dia ao som de um coro de assobios e no dia seguinte foi ja com o dancar das figuras que a cidade acordou.

10:27

sexta-feira, agosto 15

adeus novamente 

parto amanhã novamente.
desta vez com a certeza de que não poderei escrever nos próximos 15 dias. resta-nos esperar que o sudexpress continue a surpreender com as palavras do inter-rail.

adeus.

12:03

madrigal 

"tu já tinhas um nome, e eu não sei
se eras fonte ou brisa ou mar ou flor.
nos meus versos chamar-te-ei amor."

- eugénio de andrade -

corremos o risco de nos tornarmos uma avenida do amor?

11:58

quinta-feira, agosto 14

aqualizador 

ha em budapeste uma ilha. uma porcao de terra que paira no centro do danubio, equidestante de buda e de peste, um pequeno paraiso imune a sujidade da cidade.
mal cheguei a margit-sziget deparei-me com um surpreendente espectaculo. um enorme repuxo expelia agua que bailava ao som da musica classica que inundava todo o parque. os altos e os baixos da musica...tudo numa coreografia perfeita a que ninguem ficou indiferente. todos o fitavam maravilhados sem dizer palavra. um casal de meia idade troca beijos no final da musica e aguarda pelo recomecar do equalizador aquatico. penso nos centros comerciais apinhados de gente que deixei em portugal e caminho por esta ilha, que e um parque imenso, com a certeza que nao voltarei a encontrar algo assim.

19:23

terça-feira, agosto 12

taizé - 9 de agosto 

como poderiam estes dias terminar de forma mais maravilhosa. dieijano, do congo, a cantar uma música tradicional do seu país. demasiado bela. que a paz de deus esteja com todos.

para quando a construção de avenidas imensas com casas de portas abertas?

19:11

segunda-feira, agosto 11

spielberg 

cheguei ontem a cracovia, quando o relogio ainda nao marcava as seis horas da manha. so por volta dez da manha comeca o domingo, com a abertura das lojas e dos postos de turismo.
foi no ponto de informacao junto a enorme praca central que travei conhecimento com um casal de portugueses de meia idade que viajavam por dois meses.
contaram-me pequenos pormenores e inteiraram-me acerca do que merecia ser visitado. disseram-me que a cidade esta muito pior do que ha quatro anos e que seremos nos a pagar o preco da sua entrada na ue. acima de tudo, aconselharam-me a ver o gueto judeu, aquele que tinham como o principal motivo de retorno a esta cidade polaca. ao que parece, este gueto permance tal e qual como spielberg o deixou apos a rodagem da "lista de schindler". guardo para amanha a visita, mas sera um cenario de hollywood "even better than the real thing"?

21:53

oswiecim 

sao verdes os caminhos que se estendem desde cracovia ate aos antigos campos de concentracao nazis situados a cerca de 70 km desta cidade polaca. e esta bucolica paisagem, quase retirada a decalque do sul de franca que embala o visitante durante a viagem de hora e meia de autocarro e que em nada deixa antever o cenario de horror que hoje ainda se mantem intacto.
ate 1945, o complexo constituido por 3 campos de concentracao e exterminio (auschwitz, birkenau, monowitz) encontrava-se apenas rodeado por este verde, sem uma unica habitacao numa area de 40 km. todos os polacos que habitavam a sua zona circundante viram-se obrigados a abandonar as suas casas. com o fim da guerra verificou-se um processo de lento regresso e e ja visivel a presenca de habitacoes ate a entrada dos campos.
a antes denominada auschwitz recuperou o seu nome polaco e ergue-se na actualidade como o mais fidedigno e respeitoso monumento a todas as vitimas do holocausto. poupado aos bombardeamentos aliados durante a guerra, permaneceu intacto com o seu fim. os barracoes que albergavam os prisioneiros subsistem, bem como as camaras de gas que foram poupadas pelos alemaes no terminus da guerra. a cinica inscricao "arbeit macht frei" (o trabalho liberta) continua a servir de porta de entrada ao primeiro de 3 campos no qual perderam a vida mais de milhao e meio de pessoas. aquilo que antes da invasao alema constituia um quartel polaco alberga agora as ultimas memorias deste campo de exterminio. la subsistem toneladas de cabelo de vitimas e as amalgamas de haveres que lhes foram retiradas; as montanhas de sapatos, roupas e brinquedos, as fotos dos tempos de normalidade e as fotos de registo nos campos, as malas de adultos e criancas deixadas ao abandono. tudo aqui mostra que ninguem foi poupado.
a 3 kms dos 30 barracoes de auschwitz I situa-se o maior campo de concentracao conhecido, birkenau. com mais de 300 barracoes que aprisionavam cerca de 100 mil pessoas, e no qual a maioria era eliminada logo a chegada, sem nunca chegar sequer a ser registada em camaras de gas e fornos crematorios que se abeiravam da plataforma ferroviaria. a sua extensa area continua cercada por arames farpados e por torres de vigilia como sucedeu ate a chegada do exercito vermelho. so as suas camaras de gas foram destruidas pelos alemaes antes do abandono do campo e de forcarem os seus ultimos presos a uma marcha de morte que os pretendia levar a distante berlim.
diz-se em cracovia que depois de auschwitz nunca mais seremos ser os mesmos. so os verdes campos trazem alguma normalidade ao que permanece ainda hoje um terrifico cenario de horror. so eles teimam em nao mudar. mas como?

21:37

mas o que se passa comigo? 

"às vezes se te lembras procurava-te
retinha-te esgotava-te e se te não perdia
era só por haver-te já perdido ao encontrar-te"
-ruy belo-

onde estás?

18:30

de volta 

cheguei há pouco. não é nada bom estar de volta quando se deixa tanta coisa em suspenso.

18:24

sexta-feira, agosto 8

taizé - 8 de agosto 

como uma fonte de água viva, deus revela-se na imensidão do escuro de uma sede aflita. em taizé, a água brota por entre os caminhos, iluminando quem escolheu partir. taizé é como uma longa avenida repleta de pequenas fontes.

como diria pessoa: "a crença é o sono e o sonho do intelecto". taizé é o sonho.

17:58

taizé - 7 de agosto 

escrever ao som de brahms. revelar tudo sem qualquer entrave.

17:54

quinta-feira, agosto 7

marlene 

nao muito longe de spandauerstrasse avista-se uma das margens do rio spree que corta berlim em duas metades, como se de um "muro" natural de conciliacao se tratasse. foi bem junto a uma das suas margens que se construiu uma praia artificial que serve hoje de ponto de encontro a inumeros jovens berlinenses e a outros que, tal como eu, se encontram so de passagem pela cidade. um ponto onde todos podemos fingir estar numa praia verdadeira, enquanto deleitamos a vista sobre o esguio tranquilo speer.
'"marlene dietrich amava mais do que berlim, o rio que por ele corria", segreda-me uma amiga alema, por entre cervejas geladas. marlene cantou e eternizou o seu speer como demonstram os versos das suas cancoes que muitos cantam de cor naquela praia. o coracao dos berlinenses parece ainda hoje dividido no que toca a esta filha prodiga da cidade, que um dia a trocou pelas luzes da ribalta americanas, mas todos serao unanimes em dizer que ninguem amou o seu speer como ela.

14:19

quarta-feira, agosto 6

taizé - 6 de agosto 

e se 5000 pessoas se juntassem tres vezes ao dia para estarem 8 minutos em silencio. teria isto logica? o mistério divino esta para além disto. como dizia hoje uma lituana, nas nossas sociedades "the more you have, the more you want". o mistério de cristo é outra coisa: "the more you give, the more you have".

14:48

terça-feira, agosto 5

chave sueca 

näo posso evitar escrever sobre alguns episódios curiosos que me sucederam em taizé, e que enquanto lá estive näo pude deixar documentados. a semana que passei nesta comunidade do sul de franca ficou marcada por uma forte presenca de suecos. na última semana de julho, cerca de tres centenas de jovens com idades compreendidas entre os 16 e os 20 anos, vindos essencialmente de estocolmo e gotemburgo passam uma semana em taizé, num ritual que teima em repetir-se anos após ano.
cada ano que passa aprendo algo de novo sobre este país escandinavo; algo que a minha curta passagem por lá näo me havia deixado perceber. aprendi por exemplo este ano que parte do orgulho sueco passa pelas suas invencöes. confesso que desconhecia terem sido os suecos os inventores do frigorifico, e muito menos, para meu grande espanto, da chave inglesa! ao que parece, este útil utensilio é obra deste povo do norte ao qual eu só reconhecia a paternidade sobre a invencäo do jogo de cartas da sueca. tentei explicar-lhes que para os portugueses a chave é inglesa, mas que me parecia mais importante o seu famoso jogo de cartas que já me ajudou a combater muitas tardes e noites de ócio. indignados com a minha ignorancia, replicaram-me desconhecer o jogo de cartas e pediram-me para tentar explicar a todos que a chave inglesa é sueca, e näo inglesa, como alguém um dia quis fazer parecer.
fica aqui pois o meu testemunho, e a interrogacao: "mas afinal quem é que inventou a sueca?"

20:29

prinz-albrecht 

o periodo nacional-socialista deixou feridas em carne viva que a berlim de hoje ainda esta longe de conseguir sarar. a area de prinz-albrecht constitui de longe a sua maior chaga. ate 1945, o quartel oficial da gestapo situava-se no numero 8 da prinz-albert-strasse, a poucos metros do hotel prinz albert que albergava a sede administrativa das ss. a devastacao que a segunda guerra mundial trouxe a berlim deixou toda a area irreconhecivel, num perimetro que se prolongava ate potsdam plaza...mas se esta ultima praca e o que mais perto a rodeia e hoje um simbolo do renascimento alemäo, ja o mesmo nao se pode dizer de prinz-albert. o nome da rua foi alterado para niederkirchenstrasse e aquilo que foi outrora o coracäo do reich aguarda ha muito os trabalhos de reconstrucäo que um dia o iräo converter em museu o qual deixara finalmente a vista de todos o modus operandi dos servicos secretos do führer.
tudo isto tarda contudo. aqui, a memoria vive envergonhada num curto conjunto de fotos, somente legendadas em alemäo e expostas ao sol no que antes foram as catacumbas de prinz-albert. parece pedir-se ao visitante que näo veja aquilo que ainda hoje ensombra toda uma berlim...os mais altos dirigentes do reicht a passearem pelas ruas da cidade, perto de monumentos dedicados aos campos de concentracao que se iam erigindo na polonia. mais de meio seculo passou e berlim esta ainda longe de se reconciliar consigo mesma.

18:58

taizé - 5 de agosto 

ouvir os sinos. beber a agua, saciar a sede no calor do meio-dia. caminhar para a oraçao. saciar outra sede, quando todos estivermos sentados na mesma direcçao. receber a paz.

taizé é uma avenida da paz.

14:30

segunda-feira, agosto 4

galäo 

berlim é uma capital que surpreende pela sua grandiosidade. Longas avenidas rasgam a sua parte este e deixam perceber uma certa influencia americana no estilo de construcäo de uma cidade. espacos amplos e avenidas sem fim à  vista conduzem-me às portas de Brandenburg e ao imponente Reichstag, tendo sempre como pano de fundo a bola espelhada da grandiosa tv tower situada em alexanderplaza.
no meio de uma cidade täo grande, o meu maior receio foi ficar um pouco longe de tudo. quis o destino e os conselhos de uns residentes em berlim que conheci no comboio da noite que tal näo sucedesse. sem marcacao prévia, encontrei lugar numa pousada com o nome muito sugestivo de alcatraz. situada na área de mitte, esta pousada parece encontrar-se no meio do hype berlinense...cercada por ruas movimentadas e polvilhadas de bares e cafés que lembram o melhor de paris. foi numa longa caminhada que empreendi para chegar ao centro do mitte que encontrei o mais cheio de todos os cafés e que para minha grande surpresa se chamava galao. e quando digo galäo, digo-o com til, e näo com os dois pontos que os teclados alemäes colocam sobre os a's. tal näo foi o meu espanto quando vi super bock, sagres e até água de carvalhelhos acompanhada de tostas mistas e pastéis de nata com a respectiva traducäo em alemäo; tudo isto num espaco onde nenhum dos empregados era portugues nem parecia saber uma palvra da lingua. aí, deliciei-me com a minha super bock gelada e detive-me a ver o encantamento com que todos aqueles alemaes bebiam galöes, bicas e outras coisas afins. Franchising de galöes...quem diria?

20:52

taizé - 4 de agosto 

é a paz. surpresa de uma força imensa. como um movimento longo, duradouro. partir para aqui chegar, como se tudo fosse sempre um reencontro. é quase partir para sempre. o regresso é o inicio de qualquer coisa sempre diferente.

16:08

vá para dentro cá fora 

näo resisto a contar um pequeno episódio que sucedeu logo na minha segunda viagem de comboio a caminho de paris. a bordo do tgv, conheco dois estudantes universitários portugueses que faziam o seu primeiro interrail. um deles, ao deparar com o aprumado bar do comboio näo resistiu a pedir dois cafés, versäo 25 cl e a pagá-los de pronto com uma moeda de um euro, ainda de cara portuguesa. pedir um café sem primeiro perguntar o preco é um erro que em franca se paga caro...mais concretamente, com 4.40 euros. como se o preco do café näo bastasse, o tgv mostrou-se bastante aquém das expectativas em termos de conforto, quando comparado com o alfa pendular em que costumavam viajar em portugal.
"o alfa dá rata ao tgv", disse um deles a certa altura. há momentos em que todo o bom portugues tem o direito de se indignar.

11:06

desculpem o atraso 

o sudexpress fez uma paragem de uma semana em taizé. esta semana contou com a presenca de cerca de cinco mil jovens de toda a europa, sendo que só existe um acesso à internet disponível para todos eles. cheguei de comboio pela manhä a berlim, após 12 horas de viagem a partir de paris e estacionei no primeiro net café que encontrei.

tenho que ir que a cidade espera-me.

10:49

sexta-feira, agosto 1

adeus 

parto amanhã. não sei quando voltarei a escrever.

23:04

persona 

ontem fui ver o que os críticos consideram um dos melhores filmes de ingmar bergman.
neste caso, os críticos têm toda a razão.

sublime.

23:04

haverá uma poesia do calor? 

"(...)
agosto é eu estar aqui a trazer as mangas arregaçadas
é envelhecer ao sol na dispersão distraída de determinados gestos
é saber que estou de momento separado de secretárias com muitos problemas em suspenso
que me sento numa pedra e oiço uma música e reconheço a minha forma mais frequente de me sentir vivo
embora depois complique o que sinto e diga talvez que me sinto feliz
(...)"

ruy belo

23:01

taizé 

ao primeiro olhar, parece apenas um acampamento e algumas casas junto a uma estrada da borgonha, mas taizé é muito mais do que isso. é uma longa avenida. demasiado longa para ser percorrida por um olhar.
as casas foram sendo edificadas aos poucos como um coração imenso que se constrói lentamente. as pessoas demoram-se pouco. procuram apenas uma sombra onde se possam refrescar.
a avenida parece não ter fim. arrasta-se com os que partem. é levada sem querer na invisibilidade dos gestos. não pára de crescer onde os sorrisos e a alegria não são apenas palavras. vai adquirindo outros nomes, confunde-nos. até perdermos de vista essas casas, a estrada, as pessoas. e nada mais restar.

o que afinal queremos de tudo isto?

22:22